Morre cozinheira mineira que inspirou enredo do Salgueiro

Dona Lucinha, em foto publicada pelo perfil de seu restaurante – Reprodução/Facebbok

Morreu na manhã desta terça-feira, em Belo Horizonte, Maria Lúcia Clementino Nunes, a Dona Lucinha, aos 86 anos, um dos maiores nomes da culinária mineira. A cozinheira sofreu um infarto em casa. Ela teve 11 filhos. Lucinha comandou vários restaurantes e exerceu diversas atividades, incluindo a de professora e até vereadora.

Sua fama na cozinha rendeu uma homenagem no Carnaval do Rio, como uma das inspiradoras do enredo do Salgueiro de 2015, “Do fundo do quintal, saberes e sabores na Sapucaí”, sobre os sabores de Minas Gerais.

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Na sinopse, os carnavalescos Renato e Márcia Lage citam a cozinheira e seu livro, “História da Arte da Cozinha Mineira”, usado no desenvolvimento do desfile.

“Folhear essa obra é fazer um aprendizado sobre os costumes de Minas Gerais, suas tradições, suas deliciosas receitas. É seguir os caminhos que levaram à descoberta do ouro e se aprofundar na história do Brasil. Nosso enredo para o carnaval de 2015 é uma viagem através dos sabores que Minas Gerais oferece e resguarda nos saberes que cada prato típico preserva através do tempo”, dizia a sinopse.

Salgueiro 2015 – Alexandre Macieira/Riotur

Dona Lucinha desfilou no Salgueiro naquele ano, no carro dedicado a Nossa Senhora do Rosário, ao lado de dois grandes nomes salgueirenses: Djalma Sabiá, único fundador da escola vivo, e Iracema Pinto, presidente dos destaques do Salgueiro, que morreu no dia 3 de março deste ano, quando se dirigia ao Sambódromo para o desfile do Salgueiro.

“Ela foi figura central na história da cozinha mineira. Ficamos muito felizes de realizar esse desfile. O livro dela [feito pela filha Márcia Nunes] foi parte muito importante do enredo, que mostrou muitas coisas interessantes da nossa história”, contou Renato Lage ao Setor 1. Carnavalesco do Salgueiro em 2015, junto da esposa Márcia, Renato lembrou das visitas ao restaurante de Lucinha em Belo Horizonte e à cidade natal da cozinheira, Serro (MG), durante as pesquisas.

A presença de Lucinha, no entanto, só foi confirmada pouco antes da apresentação. Tudo porque 15 dias antes a cozinheira esteve internada no hospital devido a uma pneumonia. O temor da família era o mau tempo no Rio de Janeiro naquele domingo de Carnaval. Uma chuva insistente atrapalhou Viradouro e Mangueira, principalmente, e um pouco a Mocidade, mas na hora do Salgueiro, quinta a desfilar, concentrar na Sapucaí, o tempo já estava firme. E lá foi Dona Lucinha participar da própria homenagem.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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