Portela muda letra de samba e corrige imprecisão histórica

A Portela divulgou nesta segunda-feira a letra modificada do samba oficial para 2018. A alteração foi pequena, em apenas um verso, mas que faz toda diferença para o enredo “De Repente de Lá Pra Cá e Dirrepente de Cá Pra Lá…”.

Isso porque, na versão oficial, um trecho falava que “um dia Pernambuco seu irmão reconquistou”. No entanto, os portugueses, tratados como irmãos dos judeus na letra da parceria de Samir Trindade, não tinham propriamente uma relação fraternal com os protagonistas do enredo. Estes, inclusive, deixaram a Península Ibérica fugindo da Inquisição e vieram para o Brasil. Depois partiram do país com o fim do domínio holandês em Pernambuco e consequente expulsão pelos portugueses.

Com isso, o verso foi modificado para “E um dia Pernambuco o português reconquistou”, mais adequado à sinopse.

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Segundo a escola, a mudança foi feita após reunião que contou com a presença do presidente da Portela, Luis Carlos Magalhães, da carnavalesca Rosa Magalhães, do intérprete Gilsinho, dos membros da comissão de Carnaval, dos compositores e do mestre de bateria, Nilo Sérgio.

Veja como ficou a versão final da letra:

Vamos simbora povo vencedor
Contar a mesma história
Sou nordestino, estrangeiro, versador
Eh eh eh viola…
Vem do arrecife oio azul cabra da peste
No doce do meu agreste, querendo se lambuzar
Oi o mar maré de saudade, oi o mar
Pedindo paz a Javé, perseguido na fé
O imigrante veio trabaiá
Oh saudade que vai na maré
Passa o tempo e não passa a dor
E um dia Pernambuco o português reconquistou

Luar do sertão, ilumina…
Pra quem deixou esse chão, triste sina
Ô cumpadi em seu peito leva um dó
Cada um em seu destino e a tristeza dá um nó (BIS)

Vixi Maria lá no meio do caminho
Tem pirata no navio
O pagamento não foi ouro nem foi prata
Essa gente aperriada foi, seguindo
Ô gira ciranda, vai a chuva vem o sol, deixa cirandar

Chega criança, homi, muié
No abraço dessa terra só não fica quem não quer (BIS)

É legado, é união, é presente, igualdade
É “Noviórque” pedestal da liberdade
A minha águia em poesia de cordel
22 vezes minha estrela lá no céu (BIS)

Lá vem Portela é melhor se segurar
Coração aberto quem quiser pode chegar (BIS)
Vem irmanar a vida inteira
Na campeã das campeãs em Madureira

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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