Riotur joga a toalha sobre substituto para patrocínio da Uber no Carnaval

Alves (centro) no dia da Apuração do Carnaval de 2017 – Alexandre Macieira/Riotur

Não há tempo para conseguir de outro parceiro para substituir a Uber no patrocínio do Carnaval do Rio de Janeiro. Essa é a avaliação do presidente da Riotur, Marcelo Alves, após a desistência da empresa de transporte particular na última semana.

“A Uber nos deixou na mão. Foi uma atitude de uma irresponsabilidade absurda”, disse Alves ao Setor 1.

A Uber repassaria R$ 9,5 milhões para bancar parte da folia carioca, sendo R$ 7 milhões para as escolas de samba do Grupo Especial (R$ 500 mil para cada uma) e R$ 2,5 milhões para a infraestrutura dos desfiles dos grupos B, C, D e E, na Estrada Intendente Magalhães, no Campinho, Zona Norte do Rio. Mas, na semana passada, a empresa informou a Prefeitura que havia desistido do patrocínio. O motivo, segundo Alves, foi a prisão do presidente da Mangueira, Francisco de Carvalho, o Chiquinho da Mangueira, na Operação Furna da Onça.

A menos de três meses para os desfiles, e com o aquecimento da atividade carnavalesca em janeiro, Alves não crê que haja tempo suficiente para voltar ao mercado em busca de uma solução, ainda que esteja tentando.

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“Com muita sinceridade, eu estou fazendo algumas articulações comerciais, mas não acredito, em função do prazo. Conseguir R$ 9,5 milhões em um mês não é algo tão viável. As empresas já fecharam seus orçamentos e programações”, declarou Alves.

Uma solução para resolver parte do problema é conseguir recursos do próprio município para cobrir pelo menos os custos da Intendente Magalhães, muito mais sensível a qualquer corte de verba. Ainda assim, a missão, segundo Alves, é complicada.

“Vamos tramitar internamente um processo de solicitação de verba complementar (junto à Secretaria de Fazenda) para viabilizar os desfiles. É um evento muito importante para a cidade”, explicou.

A montagem da estrutura dos desfiles na Intendente tem, até agora, o patrocínio de R$ 500 mil do Booking.com, que atua no serviço de reservas de hospedagens em hotéis, conseguido por meio de projeto proposto pela empresa Sagre Consultoria Empresarial. O total aprovado para captação é de R$ 7.151.740.

Quanto aos R$ 7 milhões para o Grupo Especial, as chances ão perto de zero.

Desfile do Grupo B na Intendente Magalhães – Romulo Tesi

Multa

Agora a Riotur buscará uma reparação na Justiça, com final imprevisível e sem prazo definido para o fim da eventual disputa nos tribunais. Ainda que a Uber seja condenada a pagar uma multa, o valor dificilmente cobriria a verba do patrocínio previsto, e o dinheiro não chegaria a tempo para os desfiles de 2019.

Segundo Alves, já havia um acordo firmado oficialmente.

“Estamos tomando todas as providências cabíveis jurídicas contra essa atitude inesperada, que deixou a cidade do Rio de Janeiro e especialmente o Carnaval numa situação muito complicada. Nós já vínhamos negociando há oito meses. Há um documento da Uber assinado conosco, e de um dia para outro eles mandaram uma desistência. A explicação foi em função ao o que houve com o presidente da Mangueira, e está penalizando todas as outras escolas de samba e os desfiles da Intendente Magalhães. Uma atitude muito triste, que chega a ser desrespeitosa com o Rio de Janeiro. Foram unilaterais, em nenhum momento sentaram com a gente para tentar achar caminhos. Há caminhos. E apenas por uma atitude pessoal eles estão prejudicando todas as outras escolas de samba”, declarou.

Subvenção indefinida

Sobre a subvenção municipal para as escolas de samba – incluindo os R$ 14 milhões para as agremiações do Grupo Especial (R$ 1 milhão por escola), também não há uma previsão no momento.

“Eu ainda não tenho uma resposta da Casa Civil e da Fazenda. Eu já cobrei uma posição, mas não posso falar de algo que ainda não sei oficialmente”, disse Alves. Ele evita falar inclusive sobre a hipótese de o pagamento ser feito em uma parcela apenas, em fevereiro, a um mês dos desfiles, o que inviabilizaria a preparação nos barracões.

“Eu acredito que não. Acredito que algo venha este ano, mas fico receoso em falar porque ainda não fui informado pela Casa Civil e a Fazenda. A Riotur é intermediária, recebe e paga”, concluiu.

 

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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